Saúde na veia Blog Intolerância alimentar não é bicho de sete cabeças

Intolerância alimentar não é bicho de sete cabeças

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Para algumas pessoas, intolerância e alergia alimentar soam como sinônimos. Não são, embora possam apresentar sintomas parecidos, como distensão abdominal, gases excessivos, cólicas intestinais e diarreia.

As intolerâncias ocorrem devido à ausência ou insuficiência de algumas enzimas digestivas responsáveis por quebrar as moléculas dos alimentos para serem absorvidas pelo organismo. Um exemplo é a intolerância à lactose, carboidrato presente no leite e derivados, formado por açúcares mais simples, como a glicose e a galactose.

O intestino necessita da enzima lactase para quebrar a lactose nos seus compostos separados. Sua deficiência propicia um acúmulo excessivo desse açúcar no intestino, que é fermentado pela flora intestinal e gera os sintomas. Além disso, a lactose mal digerida aumenta o trânsito intestinal e pode resultar em diarreia.

As manifestações dessa e de outras intolerâncias alimentares são desconfortáveis, mas não passarão disso.

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Diferenças para a alergia

As alergias alimentares, por sua vez, são uma reação do sistema imunológico, que produz anticorpos para atacar proteínas que já foram digeridas e estão circulando na corrente sanguínea.

Além de sintomas semelhantes aos da intolerância (e outros, como manifestações na pele), a alergia alimentar pode impactar outros órgãos e sistemas, resultando até em anafilaxia, o fechamento das vias respiratórias, com risco de morte.

A doença celíaca, por exemplo, é uma reação do sistema imunológico à ingestão do glúten, que provoca inflamação crônica e atrofia do intestino delgado. Já a intolerância ao glúten é definida pela presença de sintomas gastrointestinais diretamente correlacionados aos alimentos que contêm glúten.

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+ Leia também: Chega ao Brasil cápsula para quem tem intolerância ao glúten

Como lidar com a intolerância alimentar

A intensidade dos sintomas pode variar, dependendo da deficiência de enzimas ou da quantidade do consumo do alimento em questão.

Mas, apesar dos desconfortos, quadros do tipo não trazem uma ameaça à saúde nem afetam a absorção de outros nutrientes. Além disso, seus efeitos são controláveis, abrindo a possibilidade para cada pessoa aprender a manejá-los.

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Um medicamento para excesso de gases pode ser um aliado para quem não quer – e nem precisa – embarcar em estratégias draconianas para lidar com a intolerância. E o indívíduo com intolerância à lactose pode, de vez em quando, optar por saborear uma pizza quatro queijos e encarar seus efeitos no processo digestivo, sem que isso implique consequências maiores.

Na maioria das vezes, a própria pessoa sabe qual é o alimento associado à intolerância. Mas o médico pode ajudar no diagnóstico a partir dos sintomas e da conversa com o paciente, sugerindo, por exemplo, que fique uma semana sem consumir o alimento “suspeito” para ver se as manifestações desaparecem.

Embora existam exames para identificar algumas intolerâncias, como a da lactose, nem sempre eles são necessários.

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Não caia em promessas milagrosas

Informações como essas ajudam a desmontar paranoias contemporâneas que levam as pessoas a aderir à dietas absurdas ou levando-as a abdicar do prazer da alimentação. Tem muita gente investindo em testes caros e sem nenhuma fundamentação científica oferecidos no mercado.

Alguns avaliam a composição da microbiota intestinal, outros testam painéis de sensibilidade alimentar mediados por imunoglobulina (IgG) contra centenas de alimentos, indicando sua exclusão do cardápio quando positivos.

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Nada disso tem recomendação para uso na prática clínica. Além do tormento de restrições desnecessárias na dieta, pode, inclusive, gerar déficits nutricionais para o indivíduo. Mas certamente gerará lucro para o estabelecimento que comercializa esses testes e para os profissionais que os solicitam.

Em relação à intolerância alimentar, o melhor a fazer é procurar um profissional preparado para ajudar o paciente a lidar com essa condição, que pode provocar desconfortos, mas que não ameaça a saúde e pode perfeitamente ser contornada com simples ajustes no cardápio.

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