Julho de 2023 foi o mês mais quente já registrado na Terra desde que as temperaturas passaram a ser medidas, em 1850. E, pasme, todos os meses desde então quebraram seus respectivos recordes, até termos o junho mais acalorado da história, agora em 2024.
Julho deste ano só não bateu a temperatura de seu par em 2023, mas as notícias não são boas. No fim do mês, ultrapassamos outra fronteira: o dia mais quente desde 1940. Nesta data, a temperatura média global atingiu 20,7°C.
“Estamos observando muitas ondas de calor, com enorme impacto na saúde das pessoas e na frequência de eventos climáticos extremos, como as enchentes”, aponta o físico Paulo Artaxo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC).
O especialista é categórico: a situação está longe do ideal e a tendência é piorar nas próximas décadas. A temperatura do planeta está 1,64°C acima do período pré-industrial — o aquecimento acima de 1,5°C já é prejudicial, mas manejável.
Não dá para resfriar a terra, mas dá para conter a subida desenfreada do termômetro. “Só há uma maneira de fazer isso: reduzindo a emissão de gases de efeito estufa, principalmente com o fim da exploração de petróleo e do desmatamento de florestas tropicais”, aponta Artaxo. Tarefa difícil, mas não impossível.
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Estragos por toda parte
Variações de temperatura no mês de julho
Problema de saúde pública
O calor em excesso já ameaça a saúde de boa parte da população. Idosos, gestantes, crianças e portadores de doenças crônicas são os mais suscetíveis às suas consequências negativas.
A desidratação é a principal preocupação. Ela pode levar a queda de pressão, baixa oxigenação de tecidos, desequilíbrios nos eletrólitos (sódio e potássio) e consequente aumento do risco de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).