A acne é uma doença que afeta milhões de brasileiros, e só quem já teve uma espinha no rosto entende o quanto essa pequena lesão pode ser incômoda, mesmo sabendo que em alguns dias ela não estará mais ali. Agora imagine o impacto na autoestima de uma lesão permanente? Hoje vamos conversar sobre as cicatrizes de acne e como tratá-las.
Primeiro, precisamos nos lembrar que a acne é uma doença inflamatória crônica da pele, que acomete as glândulas sebáceas e os folículos pilossebáceos. E quanto mais intensa ou mais prolongada essa inflamação, maior o risco de marcas permanentes na pele: as cicatrizes. E essa é uma característica comum a diversas condições cutâneas.
Lembre dos machucados que você teve na infância: os ralados menores e mais superficiais se resolviam rapidamente sem deixar vestígios, e você provavelmente nem se lembra mais deles. Mas talvez você tenha alguma marca até hoje na sua pele que carrega a história de um ferimento mais traumático, que demorou para se resolver e, ao longo do tempo, deixou uma cicatriz.
Com a acne, a ideia é a mesma: quanto mais inflamação, maior o “trauma”, e o risco de cicatrizes.
Considerando isso, fica nítida a importância de um tratamento adequado da fase ativa da acne para diminuir a intensidade dessa inflamação e, por consequência, a formação de cicatrizes. E é muito mais fácil tratar uma inflamação do que uma cicatriz.
Mas, se esse artigo chamou a sua atenção, possivelmente você já tem essas marcas – e, por outro lado, talvez nem tenha mais acne ativa para ser tratada.
Nesse caso, precisamos entender qual o seu tipo de cicatriz para indicar o melhor protocolo de tratamento. Aqui, cremes e loções isolados têm um papel limitado.
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Existem diversos tipos de cicatrizes pós-acne, que podem ser divididas em dois grandes grupos: as cicatrizes hipertróficas e as atróficas.
As hipertróficas são as mais elevadas, geralmente com uma coloração rosada ou escurecida. Para esses casos, a infiltração de corticoides é uma excelente opção. E é curioso que, nesse caso, nós utilizamos um efeito colateral dos corticóides, que é afinar a pele, para tratar lesões espessas. Outra opção é a excisão cirúrgica, reservada para casos mais exuberantes.
As cicatrizes atróficas são as mais comuns, e formam pequenas depressões, ou “furinhos” na pele. Nesses casos, precisamos remodelar as fibras de colágeno daquele local, o que pode ser feito através de peelings, microagulhamento, lasers, subcisão, bioestimuladores de colágeno, dermoabrasão, radiofrequência microagulhada, entre outras opções.
Aqui, a regra é associar procedimentos e dividir o tratamento em sessões. Existem também cicatrizes atróficas mais severas, com depressões muito pronunciadas, que podem se beneficiar de preenchimento com ácido hialurônico ou até excisão cirúrgica.
Na prática, raramente recebemos um paciente com apenas um tipo de cicatriz. Por isso, é essencial fazer uma avaliação individualizada para atender melhor cada caso e para adequar as expectativas em relação ao tratamento.
Em muitos casos, não conseguimos reverter completamente o processo, mas é possível, sim, melhorar o aspecto global da pele e impactar positivamente na autoestima dos pacientes.
*Aline Erthal é dermatologista graduada pela Universidade de São Paulo (USP) e diretora médica da área de dermatologia da Omens, plataforma que trata da saúde masculina.
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