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Como melhorar o acesso ao tratamento da obesidade no país?

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Os dados da obesidade no mundo são alarmantes. De acordo com o Atlas da Federação Mundial de Obesidade, 46% dos adultos no planeta têm sobrepeso ou obesidade.

A projeção é que este número chegue a 3,3 bilhões de adultos até 2035. Ou seja, em cerca de 10 anos, 54% da população será afetada. No Brasil, o cenário não é diferente: 61,4% têm excesso de peso, conforme a Pesquisa Vigitel 2023.

Em visita ao European Congress on Obesity deste ano, realizado no último mês na Itália, notei que diversas organizações europeias de obesidade relatam o mesmo problema preocupante que enfrentamos aqui no Brasil.

Em alguns países, a obesidade não é reconhecida como doença e sim apenas como um fator de risco para outras condições, como diabetes. Ouvimos, inclusive, falas do próprio Ministério da Saúde com este conceito.

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+ Leia também: Em 20 anos, 75% dos adultos brasileiros terão obesidade e sobrepeso

Como melhorar o acesso ao tratamento da obesidade no país?

Tanto no Brasil quanto nos países da Europa, pessoas com obesidade sofrem de gordofobia. Trata-se de uma aversão ou até mesmo hostilização de pessoas gordas e seus corpos. Muitos enfrentam o preconceito até mesmo nas Unidades de Saúde.

Em junho, durante o 2º Fórum Obesity Exchange, realizado pela Coalizão Vozes do Advocacy, representantes com a condição relataram situações vexatórias. Há médicos que acreditam que a obesidade é só uma questão de “fechar a boca e fazer atividade física”, sem entender que existem muitos outros fatores por trás da doença.

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Além disso, é difícil encontrar profissionais de saúde, que acolham e escutem as reais necessidades destas pessoas. Como resultado, muitos indivíduos com obesidade deixam de realizar o tratamento.

Se pensarmos que há no Brasil um pouco mais de 5.888 endocrinologistas, segundo Censo da USP de 2020, como a população brasileira, composta por mais de 61% com sobrepeso ou obesidade, conseguirá ter acesso a estes profissionais?

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Sabemos que estes indivíduos continuarão a ser tratados pelos clínicos gerais. Por isso, precisamos que o Ministério da Saúde capacite toda a equipe, principalmente a da Atenção Primária à Saúde.

Outra questão bem relevante: por que a obesidade é a única doença crônica que não tem medicação no Sistema Único de Saúde (SUS)?

Hoje temos tantos medicamentos para auxiliar as pessoas a perderem peso e diminuírem o risco de doenças associadas, mas infelizmente, o Ministério da Saúde insiste em não incorporar esses remédios. O Protocolo do SUS só orienta em relação à nutrição, atividade física, e práticas integrativas e complementares à saúde.

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Para finalizar, muitas unidades de saúde não têm infraestrutura para atender as pessoas com obesidade, das cadeiras aos aparelhos para medir a pressão desenhados para esse público.

Há filas intermináveis para conseguir fazer a cirurgia bariátrica em muitos estados brasileiros e, quando ela enfim é realizada, as pessoas não têm acompanhamento pós-operatório transdisciplinar nem recebem suplementos importantes para terem resultados efetivos tempo indeterminado.

Com quase todos os desafios descritos aqui, fica claro que é preciso implementar novas políticas públicas para reconhecer a obesidade como doença e tratar as pessoas com respeito e dignidade. Assim, poderemos oferecer mais qualidade de vida para os brasileiros e menos custos em internação e hospitalização, poupando várias vidas.

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* Vanessa Pirolo é jornalista, coordenadora doVozes do Advocacy em Diabetes e em Obesidade, e coautora do livro Doenças Crônicas – Saiba como Prevenir

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