A gastrite é uma inflamação do revestimento do estômago causada principalmente pela bactéria Helicobacter pylori, pelo uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e por fatores ligados ao estilo de vida, como estresse, uso de álcool, tabagismo e hábitos alimentares inadequados.
Alguns alimentos e bebidas podem agravar os sintomas da gastrite e devem ser evitados, entre estes estão:
- Molhos picantes;
- Temperos prontos;
- Bebidas alcoólicas;
- Bebidas à base de cafeína;
- Refrigerantes;
- Frituras;
- Embutidos;
- Alimentos ultraprocessados;
- Frutas cítricas;
- Chocolates;
- Leite e derivados mais gordurosos.
A seguir, vamos falar um pouco mais sobre alguns deles.
Bebidas alcoólicas
Entre eles, vale destacar o consumo de álcool, que leva tanto ao aparecimento da gastrite quanto à exacerbação dos sintomas.
O álcool é um irritante direto da mucosa do estômago, que pode causar sintomas de má digestão, especialmente se consumido com frequência ou em quantidades abusivas. Ele estimula a acidez gástrica que, em excesso, leva a inflamação e, consequentemente, à sensação de queimação, dor e desconforto.
Além disso, o álcool reduz a produção do muco gástrico, importante na defesa do revestimento estomacal. Ele também prejudica o esvaziamento do órgão, deixando a digestão mais lenta e dificultando a cicatrização da mucosa lesionada. Dessa forma, os sintomas prevalecem e isso dificulta o tratamento.
Por fim, a bebida interfere no efeito e na resposta ao tratamento com os medicamentos antiácidos ou bloqueadores da acidez, podendo também levar a efeitos colaterais indesejados. É fundamental que o consumo seja evitado ou interrompido para aliviar sintomas e tornar o tratamento mais eficaz.
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Estresse
Ele não é uma causa direta da gastrite, mas pode agravar a condição e intensificar os incômodos. Assim como o álcool, o estresse também leva a alterações na motilidade, aumentando o tempo de esvaziamento dos alimentos, provocando sintomas de estufamento e “sensação de estômago cheio” por mais tempo.
O estresse também contribui para hábitos alimentares negativos, levando as pessoas a comerem em excesso, com refeições em horários inadequados, consumo de gorduras, frituras e doces e, além disso, maior consumo de álcool, café e tabagismo.
Em algumas situações, o estresse pode ainda contribuir para alterações no sistema imunológico, deixando o estômago mais vulnerável à inflamações.
Realizar exercícios físicos regularmente, ter uma dieta balanceada, sono adequado, controle emocional, terapia e técnicas de relaxamento podem reduzir o impacto do estresse no órgão.
Medicamentos e gastrite
Vários medicamentos podem piorar os sintomas devido ao seu potencial de irritar a mucosa gástrica ou aumentar a produção de ácido. Por estes e outros motivos, medicamentos só devem ser utilizados sob orientação médica.
Os anti-inflamatórios, como diclofenaco, nimesulida, ibuprofeno, entre outros, são os mais relacionados a essa piora e ao desenvolvimento de úlceras no estômago e duodeno (parte inicial do intestino). Eles inibem a produção de uma substância chamada prostaglandina, que protege a mucosa do estômago.
Os corticoides também podem causar gastrite quando usados em doses altas ou por longos períodos de tempo, assim como os antibióticos.
O tratamento da osteoporose, com uso de bifosfonatos, como o alendronato de sódio, oferece o mesmo risco, caso os fármacos não sejam utilizados de forma correta. Outros medicamentos ligados ao problema são os suplementos de ferro, quimioterápicos e alguns antidepressivos, como sertralina e fluoxetina.
Por fim, o uso de anticoagulantes orais pode causar sangramento gástrico e agravar a gastrite/úlcera, quando presentes.
Cigarro
O hábito de fumar não é apenas agressivo para os pulmões, mas também para o sistema digestivo, pois aumento a produção de acidez gástrica, reduz a produção de muco e eleva o risco de infecção pelo Helicobacter pylori, que pode irritar e inflamar o estômago.
O cigarro ainda dificulta a cicatrização da mucosa ao reduzir o fluxo sanguíneo local. Reduzir ou interromper o uso não só faz bem à saúde em geral, como também ajuda a melhorar os sintomas da gastrite e seu tratamento.
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Café, refrigerante e outras bebidas
As bebidas cafeinadas, como café, chá-preto, chá-verde, refrigerantes e algumas bebidas energéticas, podem ter um impacto negativo na gastrite, pois estimulam e aumentam a acidez gástrica e a motilidade do estômago, irritando sua mucosa pelo excesso de ácido.
A cafeína, em geral, provoca o relaxamento da válvula anti-refluxo, chamada esfíncter inferior do esôfago, levando a sintomas como azia e regurgitação. Além disso, a substância é um estimulante do sistema nervoso que pode aumentar o estresse e a ansiedade, também ligados à gastrite.
Ultraprocessados
Nas últimas décadas, houve um aumento significativo do consumo de alimentos ultraprocessados, que têm ação significativa nos sintomas da gastrite e da má digestão.
Esses alimentos geralmente contêm ingredientes e aditivos que podem irritar o estômago e agravar a inflamação, devido ao alto teor de gordura, conservantes, sódio e açúcares.
São alimentos que, quando consumidos em grande quantidade, dificultam a digestão, o que eleva a acidez gástrica e resulta em dor ou queimação, distensão do estômago e sensação de estufamento.
Uma dieta mais equilibrada, rica em fibras, vegetais, frutas frescas, sem frituras, sem gordura e com pouco sal, ajuda a melhorar os sintomas e o tratamento da gastrite.
* Ibrahim Ahmad Hussein El Bacha é gastroenterologista, hepatologista, professor assistente da disciplina do Aparelho Digestivo da Faculdade de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos e preceptor na enfermaria de Gastroenterologia Clínica na Santa Casa de Santos
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)
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