Calma, Martinho da Vila, não precisa ser hipnotizado “pra acabar de vez com essa disritmia”. É só esperar que logo o cortisol vai cumprir esse papel. A música “Disritmia” é só um exemplo entre vários de como tentamos explicar por meio da arte os efeitos do amor no nosso corpo. O Dia dos Namorados é uma boa oportunidade para revisitar esses impactos.
Afinal, quantas metáforas e eufemismos sobre o romance e a paixão já foram explicados pela ciência?
Quais são os principais efeitos (e benefícios) de estar apaixonado?
As reações fisiológicas às emoções são desencadeadas em grande parte por hormônios disparados conforme a etapa que estamos vivendo do romance. Os estímulos são mais intensos no início de uma paixão, e vão sendo apaziguados conforme o tempo passa, devido à normalização dos níveis hormonais.
Só que, até isso ocorrer, somos bombardeados de sensações. Veja abaixo alguns dos agentes mais importantes na hora de se apaixonar:
- Testosterona: a primeira fase de paixão é sexual e física. Mesmo que a testosterona seja mais ligada à ideia de masculinidade e crescimento, nessa hora ela tem o papel importante em todos os sexos. No organismo masculino, os níveis caem, deixando o indivíduo mais aberto à relação e menos violento. Num corpo feminino, ela aumenta, elevando junto a libido e o desejo sexual. O estrogênio também atua nas mulheres como regulador do ímpeto sexual.
- Cortisol: nem tudo é paz e tranquilidade. Aquela sensação de frio na barriga e o coração batendo diferente ocorre pelo disparo nos níveis de cortisol, um dos hormônios ligados a situações estressantes. Esse aumento ocorre porque o corpo entende que está passando por uma crise, causando uma mudança no ritmo cardíaco, na pressão arterial e nos níveis de glicose no sangue.
- Serotonina: aqui começa a fase da atração. A serotonina é uma dos agentes reguladores de humor no nosso organismo, mas que nesse momento da paixão acaba diminuindo. A redução pode causar alterações no apetite e no sono, mas também dar aquela sensação de euforia e, muitas vezes, uma obsessão pela pessoa que é alvo da paixão.
- Dopamina: esse hormônio é produzido pelo hipotálamo e é um dos neurotransmissores mais importantes do nosso organismo. Apesar de muitas vezes ser visto como hormônio da felicidade, a dopamina está mais relacionada com a sensação de prazer e recompensa, como quando realizamos alguma atividade física ou cumprimos algum objetivo. O estímulo é tamanho que pode ser comparado com a euforia causada pelo álcool e outras drogas.
- Ocitocina: o conhecido hormônio do amor é responsável por marcar a fase do afeto. A liberação da ocitocina ocorre em momentos de contato físico, das trocas de carícias às relações sexuais, agindo em cooperação com a testosterona (no organismo masculino) e a progesterona (no feminino) para intensificar o orgasmo. Além de fortalecer conexões em geral, estudos indicam que esse neurotransmissor também tem efeito anti-inflamatório, aspecto que melhora a qualidade de vida.
- Vasopressina: tanto vasopressina quanto ocitocina são considerados os hormônios do apego, atuando de forma mais intensa, respectivamente, nos homens e mulheres. O papel deles numa relação duradoura ocorre por meio da interação com o sistema de recompensa, relacionado ao hipotálamo e o disparo de dopamina. Essa liberação auxilia as reações prazerosas a perdurarem num amor mais antigo.
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Depois da paixão: como o corpo reage ao amor com o passar do tempo?
A serotonina é um dos poucos casos dessa lista que diminuem num primeiro momento enquanto o restante dispara. Com o passar do tempo, ela também retoma os níveis normais e leva junto os outros hormônios.
Em pessoas em idade reprodutiva, o período entre 18 e 30 meses de relação é entendido pelo nosso organismo como tempo suficiente para cumprir a função biológica das relações heteronormativas: a reprodução. Depois disso, as concentrações de hormônios tipicamente associados à paixão voltam a patamares normais — o que não quer dizer, claro, que o amor acabe aí.
Mas não se preocupe demais com essas marcações de tempo. É sempre bom lembrar que o amor é tanto um fenômeno psicológico e social quanto é fisiológico, e nossas relações não são determinadas apenas pela biologia.
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