Saúde na veia Blog E se não fosse na África? Reflexões sobre mp…

E se não fosse na África? Reflexões sobre mp…

E se não fosse na África? Reflexões sobre mp… post thumbnail image

Trabalhando com equidade de saúde há mais de uma década, aprendemos rápido que uma das formas de detectar os índices de pobreza de uma região, é avaliar quais doenças mais atingem sua população.

Um exemplo que já citamos aqui, é o câncer de colo de útero, que é o tumor que mais mata mulheres nas regiões norte e nordeste do Brasil.

Quanto mais carente a região, mais afetadas as pessoas são as pessoas que vivem ali. O mesmo é verdade para a recente crise de mpox, anteriormente chamada de varíola dos macacos. É uma doença endêmica em alguns países da África há muitos anos. Surgiu na década de 70, com a transmissão entre animais e humanos.

Desde então, a doença continua assolando a população destas nações. Ela foi erroneamente associada à contaminação exclusiva a partir da relação sexual entre homens, estigmatizando ainda mais os pacientes, e prejudicando ações efetivas de vacinação e educação.

Em 2022, já houve um surto global, com a doença se espalhando para outros lugares onde não era endêmica, chegando a mais de 100 países e causando 1400 mortes. Agora, uma nova cepa do vírus elevou o nível de preocupação da OMS, que decretou uma emergência global. Já são mais de 15.600 casos e 537 mortes, só este ano.

A declaração da OMS escancara uma realidade desconfortável: crises que afetam regiões marginalizadas, como a África, continuam a ser tratadas com menos urgência e recursos.

Continua após a publicidade

+ Leia também: Acabar com as desigualdades para superar a aids e futuras pandemias

Desigualdade não é só questão financeira

A resposta desigual à mpox, com países ricos com acesso rápido a vacinas enquanto nações africanas enfrentavam escassez, revela uma falha sistêmica em nossa abordagem à saúde global.

E não se trata apenas de recursos financeiros, mas também de acesso à educação e informação. A falta de uma educação em saúde robusta e de recursos adequados em muitos países contribui para que essas crises sejam enfrentadas de forma menos eficaz, perpetuando o ciclo de desigualdade.

Educação e acesso são fundamentais para garantir que qualquer população possa reagir prontamente a crises de saúde. Quando as comunidades têm acesso a informações precisas e a recursos de prevenção e de tratamento, são capazes de proteger a si mesmas e de exigir uma resposta justa e equitativa.

A sociedade não pode selecionar apenas as doenças que também afetam os países e populações mais ricas para atuar efetivamente.
A crise de mpox nos força a refletir sobre como a iniquidade impacta não apenas os países ditos mais pobres, mas todo o planeta.

Continua após a publicidade

Até que essas questões sejam abordadas, continuaremos a ver vidas sendo perdidas e negligenciadas, simplesmente pelo fato de essas pessoas terem nascido nos lugares “errados”.

Compartilhe essa matéria via:

 

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Related Post