A Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil) realiza em 2024 a 8ª edição da campanha de conscientização sobre a doença. O mote deste ano é: “Vejo flores em você! Não permita que tumores brotem”.
A mensagem lúdica coloca o autocuidado e a prevenção como o solo fértil onde as flores da saúde crescem, cultivadas pela adoção de hábitos saudáveis e a realização de exames preventivos regulares.
A prevenção é a principal aliada para essa virada de chave. Devemos esclarecer que o diagnóstico precoce salva vidas e que estas doenças, que atingem áreas como boca, língua, céu da boca, laringe, faringe e tireoide, podem ser curadas se detectadas na fase inicial.
Falo, aqui, de tumores que correspondem a quase 7% de todos os tipos de câncer registrados no Brasil. São cerca de 40 mil novos casos e 10 mil óbitos por ano aqui no país. Além das mortes, muitos dos sobreviventes enfrentam perda significativa da qualidade de vida durante e após o tratamento.
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Este é um assunto grave e urgente. O reconhecimento das necessidades destes pacientes faz com que a ACBG Brasil trabalhe, desde 2015, na construção de políticas públicas para que esses números diminuam, e para que aqueles que forem diagnosticados sejam dignamente tratados.
Ações pelo Brasil
Além de informar a população para a prevenção e diagnóstico precoce, temos atuado fortemente em ações de advocacy. E podemos destacar conquistas relevantes em todas as regiões brasileiras.
A começar pelo projeto de lei sancionado em 2022, a pedido da ACBG Brasil, que institui o Julho Verde como mês de conscientização sobre o problema, dando mais visibilidade à causa e reforçando o dia 27/07 como data nacional e mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço.
Outro exemplo importante: em Santa Catarina, ao lado da Secretaria do Estado de Saúde, conquistamos a implementação de uma nova política de saúde pública, que assegura a reabilitação de todos os indivíduos laringectomizados e traqueostomizados do estado.
Nacionalmente, asseguramos a inclusão da laringe eletrônica no Sistema Único de Saúde (SUS), equipamento que possibilita um tipo de recuperação vocal rápida, já no pós-operatório imediato do câncer de laringe.
De forma pioneira, a ACBG Brasil reuniu 19 sociedades médicas e não-médicas para atualizar as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Câncer de Cabeça e Pescoço, que hoje estão em fase final de avaliação na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).
Este é um documento que permite que o indivíduo tenha o melhor tratamento possível pelo SUS. Entretanto, sua primeira versão não foi escrita por especialistas no assunto, por isso não contemplava todas as necessidades e urgências da população.
Esse processo não é rápido e nem simples. Atualmente, está em tramitação, com previsão de consulta pública ainda neste ano. É preciso seguir fiscalizando para garantir que sua implementação o quanto antes.
Da mesma forma, seguiremos atentos à implantação da nova Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no sistema público de saúde. Aprovada e sancionada no fim do ano passado, a lei ainda necessita de uma regulamentação para sair efetivamente do papel.
* Melissa Medeiros é fundadora e presidente voluntária da Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço – ACBG Brasil, sobrevivente de câncer de laringe, laringectomizada total e traqueostomizada definitiva
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