Com 26 ossos, algumas dezenas de músculos e muitas articulações e tendões, o pé é uma parte bem delicada do corpo. Por toda essa complexidade, a região se torna suscetível a alguns problemas anatômicos. O joanete é um bom exemplo disso: o desalinhamento nos dedos dos pés pode provocar bastante dor e exigir tratamento cirúrgico.
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Afinal, o que é um joanete?
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, a condição não surge a partir de uma calcificação ou por conta da má-formação de alguma estrutura óssea.
Também conhecido como hálux valgo ou hallux valgus, o joanete consiste no deslocamento e desalinhamento entre os ossos e as articulações dos dedos dos pés. Quando o dedão – que na medicina é conhecido como hálux – fica projetado na direção dos outros dedos, acaba forçando a articulação para fora, o que causa a famosa protuberância na lateral interna do pé.
Nos estágios iniciais, o joanete pode até não causar incômodo, mas a evolução do quadro pode trazer complicações. Quando a posição do dedão é forçada para cima ou para baixo dos demais dedos, a dor costuma se intensificar e pode acarretar no comprometimento de outras articulações e em dificuldades para se equilibrar ao caminhar.
O que causa o joanete?
O problema costuma se manifestar a partir dos 20 anos e tende a atingir mais mulheres do que homens. É bastante comum entre a população idosa. Ainda que a principal causa seja o deslocamento da articulação, existem outros fatores que influenciam a formação no surgimento da protuberância.
Entre as principais causas de joanete, temos:
Anatomia irregular dos pés
Dedões muito longos, pés chatos e ligamentos frágeis podem desencadear a condição. O desvio do osso do dedo mínimo do pé (quinto metatarso) também pode gerar um quadro específico, chamado de joanete de Sastre ou joanete de alfaiate.
Hereditariedade
Cerca de 60% dos casos ocorrem em pessoas com histórico familiar de joanete.
Histórico de doenças que penalizam as articulações
Enfermidades que afetam diretamente as articulações, como lúpus, gota e artrite reumatoide podem aumentar o risco de desenvolver joanete. Lesões e fraturas também podem ter como consequência o desalinhamento dos ossos do pé.
Há ainda doenças que atingem as articulações do pé de forma indireta, como o AVC, o trauma medular e a paralisia cerebral: ao prejudicar a movimentação dos pés, essas condições podem gerar joanetes.
Calçados pouco anatômicos
Sapatos apertados, de bico fino ou salto alto forçam os pés a ficarem posicionados de forma incorreta, prejudicando a distribuição de peso corporal e comprimindo os dedos.
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Quais são os principais sintomas do joanete?
A saliência óssea característica do hallúx largus é semelhante a um calo e fica logo ao lado e abaixo do dedão, na lateral do pé. Além da protuberância, o joanete também pode desencadear dor, vermelhidão e calor na região, engrossamento da pele abaixo do dedão e perda progressiva do movimento no dedo.
Uma das complicações que pode aparecer com o joanete é a bursite: inflamação da parte do pé que proporciona amortecimento para os músculos e ligamentos. Quando inflamada, essa bolsa de líquido, chamada de bursa, causa dor, inchaço e vermelhidão na região afetada. Outros dedos do pé também podem desenvolver calos e deformidades devido à pressão exercida pelo dedão.
Para validar o diagnóstico e determinar a extensão da lesão, recomenda-se uma avaliação clínica somada a alguns exames de imagem. Um raio-x pode ser realizado para apoiar decisões quanto ao tratamento do joanete.
Como é o tratamento de joanete?
Os caminhos mudam conforme a gravidade do quadro. Nos casos mais brandos, o foco fica em tratar as dores desencadeadas pelo desalinhamento ósseo. Trocar o modelo dos calçados mais danosos – de salto alto, de bico fino e apertados – por modelos mais confortáveis costuma ser suficiente para conter a progressão da lesão.
Priorizar sapatos confortáveis é também uma das formas de prevenir o joanete.
Se o joanete estiver em um estágio mais avançado, também é possível utilizar protetores ortopédicos na área lesionada, forçando o dedão a ficar afastado do segundo dedo do pé.
Apenas os casos graves e que infringem dores fortes no paciente acabam motivando a intervenção cirúrgica, que pode ser feita com diversas técnicas diferentes. A recuperação exige bastante repouso, evitando ao máximo caminhadas desnecessárias. Mesmo depois da cirurgia, há risco de sentir dores no pé durante o primeiro ano após o procedimento.
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