O jogador de futebol Juan Izquierdo, do Nacional do Uruguai, teve a morte confirmada na noite de 27 de agosto, após seis dias internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista. Izquierdo, que passou mal em uma partida contra o São Paulo na semana passada, sofreu uma morte encefálica — quando há perda irreversível das funções cerebrais.
De acordo com o hospital, o episódio ocorreu como consequência de uma parada cardiorrespiratória associada a um quadro de arritmia cardíaca, que havia sido o primeiro diagnóstico divulgado quando o drama de Izquierdo começou.
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Arritmias são a principal causa de morte súbita no Brasil, com um número estimado de mais de 300 mil óbitos anuais no país, segundo dados da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac).
O que é a morte encefálica e qual a relação com a arritmia?
O Ministério da Saúde define a morte encefálica como a “perda completa e irreversível das funções encefálicas cerebrais”. É a maneira técnica de se referir ao que, na linguagem popular, muitas vezes é chamado de “morte cerebral”.
O problema ocorre como consequência do inchaço cerebral combinado à interrupção da circulação sanguínea no cérebro, que podem acontecer devido a diferentes problemas de saúde, como a parada cardiorrespiratória sofrida por Izquierdo.
Nesse caso, quando o coração sofre alguma alteração muito brusca no seu ritmo, pode faltar oxigênio para o cérebro. Se o abastecimento não é restabelecido a tempo, os danos ao órgão podem ser irreversíveis e fatais.
Quando há morte encefálica, o corpo é incapaz de se manter vivo sozinho: os batimentos cardíacos até podem persistir por algum tempo, mas a respiração é inviável sem o suporte de aparelhos, o que leva à morte em questão de minutos ou horas após o desligamento das máquinas.
Por isso, a morte encefálica é considerada equivalente à própria morte, mesmo que ela seja identificada quando o coração ainda está batendo.
Como a morte encefálica é identificada?
O diagnóstico da morte encefálica segue critérios rígidos definidos pelo Conselho Federal de Medicina. A regulamentação exige a realização de diferentes exames para verificar pontos como a ausência de função do tronco encefálico e a incapacidade de realizar movimentos respiratórios, entre outros critérios.
Quando o paciente é doador de órgãos, a definição da morte encefálica é importante pois é apenas nesse estado que a coleta de alguns órgãos vitais para transplante pode ser feita. A regra é definida pela Lei dos Transplantes, de 1997. Há ainda critérios específicos limitando quais estruturas podem ser doadas em casos de parada cardiorrespiratória.
A viabilidade ocorre porque, embora a própria pessoa não tenha mais chance de recuperação, seus tecidos ainda não morreram graças à manutenção da circulação sanguínea com ajuda de aparelhos.
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