O desempenho da ciência é uma forma de arte, um delicado equilíbrio entre dominar a técnica, seguir a intuição e trabalhar com diligência.
Ao nos aprofundarmos em um tema, partindo da arte ou da ciência, e nos dedicarmos a aprender e atuar com empenho, percebemos que, em algum ponto, essas duas disciplinas se entrelaçam, transcendendo suas definições originais.
Não é por acaso que atingir o mais alto grau de conhecimento e precisão na ciência é frequentemente descrito como alcançar o “estado da arte“, enquanto a arte que atinge uma “precisão científica” é igualmente admirada. E, como diria Leonardo Da Vinci: “A arte é a rainha de todas as ciências”.
Essa energia criativa e investigativa, que impulsiona tanto artistas quanto cientistas, independe do gênero. Ela reside na curiosidade intrínseca e na paixão por explorar o desconhecido independentemente de sua identidade.
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Desde o início, homens e mulheres olham para as estrelas em busca de respostas. A história mostra que ambos têm sede de conhecimento, mas nem sempre tiveram o mesmo espaço e liberdade para buscar essas respostas.
Tanto nas ciências quanto nas artes, o lugar da mulher nunca foi garantido. Mesmo assim, muitas vezes subestimadas e anônimas em seus trabalhos, foram sempre presentes e desempenharam o que ditava o coração. Assim, contribuíram de maneiras profundas e inovadoras para o avanço do conhecimento e da cultura.
Como um rio caudaloso tem uma nascente aparentemente frágil, a atuação das mulheres nas artes e na ciência, embora invisível, discreta e escondida em sua origem, desenvolveu-se em uma força transformadora ao longo do tempo, exuberante e diversa.
Desde Hipátia, astrônoma, matemática e filósofa que viveu entre 350 e 415 no Egito, que ensinou filosofia para pessoas que vinham de longe para ouvi-la, passando por Maria Sibylla Merian, ilustradora científica e entomologista alemã que viveu no século XVII e desde garotinha pintava as diferentes etapas da vida de seus insetos preferidos, sendo seu trabalho precursor da classificação e compreensão dos insetos. Ou ainda Elizabeth Blackwell, uma das primeiras mulheres com diploma de medicina, nossas predecessoras são exemplos de inspiração.
Frida Kahlo, Ada Lovelace, Marie Curie, Coco Chanel, Clarice Lispector… Mulheres da arte e da ciência que compartilharam a notável capacidade de desafiar as normas de suas épocas e influenciar comportamentos de maneira significativa. Quer por escolha ou pelas circunstâncias do momento, romperam barreiras e deixaram um impacto duradouro.
Ainda há muitos espaços a serem preenchidos, e é justamente aí que reside a importância da educação, que libera nosso potencial e permite romper limites, não apenas ampliando horizontes, mas fortalecendo a confiança necessária para que possamos trilhar nosso próprio caminho e deixar um legado duradouro, inspirando gerações futuras a seguir seus passos e continuar a lutar por igualdade e reconhecimento.
É importante que conheçamos os desafios superados por estas valentes garotas, e honrar seu trabalho serve para que tenhamos a convicção de que estes obstáculos são sempre superáveis.
Conhecer a história de cada uma delas serve de motivação e certeza, como uma impressão no coração, de que viver uma vida de sucesso é viver com paixão, curiosidade e a liberdade de ser quem somos.
Não sem razão, retratando o Brasil, temos hoje mulheres ocupando cadeiras em posições de liderança e influência em diversas esferas, desde o governo até a academia e o setor empresarial. Essas mulheres estão à frente de importantes decisões políticas e sociais, contribuindo para um país mais inclusivo e representativo.
Convidamos você a explorar essas histórias inspiradoras na exposição “Nós — Arte e Ciência por Mulheres“, em cartaz no Sesc Interlagos. Esta mostra destaca a trajetória de mulheres que, por meio dessas duas disciplinas, moldaram nossa sociedade e continuam a influenciar o futuro.
Venha conhecer e se inspirar. A exposição está aberta de 22 de agosto de 2024 a 30 de março de 2025, de quarta a domingo e feriados, das 10h às 16h30. Não perca a oportunidade de se envolver com essa narrativa poderosa e transformadora!
* Irimar Erotides Bergamo Palombo é engenheira civil, gerente de operação e serviços do Sesc São Paulo, Vice Presidente da Associação Brasileira de Property, Workplace e Facility Management (Abrafac)
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