Aviso: esse conteúdo faz parte da série “Dossiê ansiedade: como nos tornamos escravos dela?”. Clique aqui para ler os outros conteúdos.
Em geral, as mulheres apresentam mais sintomas de ansiedade do que os homens. É o que mostra o relatório Panorama da Saúde Mental, uma parceria do Instituto Cactus e da AtlasIntel, que ouviu mais de 3 mil brasileiros acima dos 16 anos. Ao serem questionadas se sentiram algum tipo de nervosismo nas duas últimas semanas, 74% das entrevistadas responderam que “sim”, ante 60% dos homens.
“Apesar de existirem fatores biológicos, questões sociais e econômicas, como acúmulo de tarefas, dependência financeira e sobrecarga de responsabilidades, estão envolvidas nesse processo de adoecimento mental”, explica Maria Fernanda Quartiero, diretora-presidente do Cactus. Outro dado que chamou a atenção da pesquisadora foi o alto índice de preocupação: 73% dos participantes convivem com ela por alguma razão.
Para 82%, a principal fonte de insônia é a situação financeira. “É importante lembrar que se preocupar com dinheiro não significa, necessariamente, que a pessoa tenha algum transtorno mental ou precise de tratamento”, pondera Maria Fernanda. “Mas questões sociais também influenciam a saúde mental.”
+ Leia também: Mais de 15% dos brasileiros se sentem infelizes e deprimidos, diz pesquisa
Mudanças climáticas e saúde mental
Outra pesquisa, realizada pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, busca avaliar o impacto do maior desastre climático do Rio Grande do Sul no estado emocional de seus moradores. Pelos dados preliminares, 91% relataram sintomas de ansiedade, 59% se queixaram de burnout e 49% acusaram sofrer de depressão.
Para muitos entrevistados, o simples barulho de torneira aberta já atua como gatilho para o temor de uma nova enchente de proporções bíblicas. É a chamada ecoansiedade, quando um desastre ambiental pode desencadear até um ataque de pânico.
Existe, ainda, um componente socieconômico. A América Latina possui quase o dobro de prevalência de ansiedade em relação à média mundial: 6% ante 3,6%, aponta o Observatório das Desigualdades.
Recentemente, uma pesquisa revelou que, assim como as mulheres, pessoas desempregadas e membros da comunidade LGBTQIAPN+ estão com a saúde mental mais abalada.
Compartilhe essa matéria via:
Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsApp