Segundo dados de 2021 da Federação Internacional de Diabetes, temos no Brasil cerca de 21 milhões de adultos com pré-diabetes. Trata-se de uma condição intermediária, em que a glicose no sangue não está nem em níveis considerados normais nem em níveis elevados como o de quem tem diabetes.
Mas engana-se quem pensa que o pré-diabetes é uma pré-doença. Esta condição per se já aumenta o risco de mazelas cardiovasculares, neuropatias e doenças da retina. Tudo isso além, é claro, de abrir o caminho para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 propriamente dito.
Não por acaso, o elevado número de pessoas com pré-diabetes acompanha a população crescente de pessoas com obesidade, especialmente abdominal. Isso porque o excesso de peso está ligado à síndrome metabólica, que tem como uma de suas principais marcas o desequilíbrio nos níveis de glicose.
+Leia também: Pré-diabetes não é uma pré-doença
Neste mês de novembro, tivemos uma boa notícia vinda do congresso Obesity Week, realizado em San Antonio, Estados Unidos. Um grupo de cerca de 1 mil participantes com obesidade ou sobrepeso e que também tinham pré-diabetes foi acompanhado por um período aproximado de 3,5 anos.
Parte dos participantes utilizou tirzepatida subcutânea semanal e outra parte utilizou um placebo, aplicado do mesmo modo. Ambos os grupos foram orientados a melhorar a alimentação e praticar atividades físicas regularmente.
No fim do acompanhamento, os voluntários que receberam a tirzepatida apresentaram redução de peso de 22,9% na maior dose (15mg semanal), versus uma redução de 2,1% no grupo placebo. Sem dúvida, tal efeito na balança foi um dos mais importantes responsáveis pela prevenção da evolução do pré-diabetes para diabetes. Ao final do estudo conseguiu-se reduzir este risco em 94%.
E tem mais. Ao fim de 3,5 anos, os níveis de glicose retornaram à faixa de normalidade em mais de 90% dos participantes.
Isso nos leva a pensar. Seriar possível suspender o uso da tirzepatida após atingir tamanhos resultados? Após o término do seguimento, os participantes foram acompanhados por mais 4 meses sem medicamentos, e observou-se em boa parte deles o reganho de peso e perda do benefício nos níveis de glicose.
Essa questão já havia sido levantada em outros estudos, reforçando o concento de tratamento crônico de uma condição crônica. Além dos benefícios no pré-diabetes, este estudo confirmou os benefícios na redução da pressão arterial e de triglicérides.
Quanto à segurança, a droga foi bem tolerada, sendo que os efeitos adversos mais comuns foram náuseas, diarreia ou constipação intestinal, mas numa intensidade leve a moderada e com duração transitória.
Apesar da ação no pré-diabetes ser devida principalmente à questão do peso, outros mecanismos podem estar envolvidos, como aumento de produção de insulina, redução da resistência insulínica e ação anti-inflamatória do medicamento.
Enquanto a tirzepatida não chega ao Brasil, precisamos destacar que uma alimentação saudável e exercícios regulares já são o suficiente para controlar o pré-diabetes em muitos indivíduos. Exames e check-ups periódicos são necessários para o correto diagnóstico da condição, que é completamente assintomática.
Compartilhe essa matéria via: