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Obesidade pode reduzir “combustível” do cérebro e piorar função do órgão

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A obesidade é associada a diversas complicações de saúde, além de alterações no comportamento alimentar e na função cerebral. Agora, um estudo do periódico Obesity, publicado no final de maio, mostrou que a condição também dificulta o transporte de glicose para o cérebro, o principal combustível do órgão, o que pode ser potencialmente ruim para a saúde neurocognitiva.

Na pesquisa, 11 participantes magros e sete participantes jovens com obesidade (e sem comorbidades relacionadas) foram submetidos a exames para medir os níveis de glicose no cérebro, a captação e o metabolismo do nutriente, bem como marcadores periféricos de resistência à insulina.

Indivíduos com obesidade demonstraram uma proporção 20% menor de captação de glicose cerebral em relação aos participantes magros. E isso ocorreu mesmo em idade jovem e na ausência de outras comorbidades cardiometabólicas, o que pode ter implicações na função cerebral e na saúde a longo prazo.

O combustível do cérebro

O cérebro é quase exclusivamente alimentado por glicose. Quando há consumo em excesso de carboidratos, para minimizar os efeitos tóxicos dessa sobra nos neurônios, a concentração de glicose no órgão é ajustada para cerca de 20% da glicose total circulando no sangue. E o que o estudo mostrou é que, na obesidade, o cérebro também passa a captar menos o nutriente.

É importante destacar que a demanda de energia local aumenta amplamente durante a ativação neuronal, por exemplo, na estimulação sensorial, exercício físico, trabalho e outras atividades. Então a obesidade pode afetar os recursos necessários para um cérebro funcionar adequadamente.

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Em outras palavras, isso pode levar à fadiga mental, esgotamento, falta de foco e concentração, além de perda de memória.

+ Leia também: O corpo pede, a mente julga: o desejo intenso e o vício por comida

Alimento para a mente

A relação entre a alimentação e o cérebro é cada vez mais estudada. Diversos nutrientes podem fazer bem ou mal às funções cerebrais.

Por exemplo: os nossos neurônios “conversam” entre si através dos neurotransmissores. Diversos alimentos possuem a capacidade de modular certos neurotransmissores, como a serotonina, aumentando ou diminuindo seus níveis, e levando a sintomas diversos para o paciente.

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No entanto, não é só a questão alimentar que deve ser avaliada, mas também o peso, que está intimamente ligado ao cardápio, como mostra este novo estudo. O achado ainda deve ser confirmado por outras pesquisas, mas adiciona mais uma preocupação que todos devemos ter com relação à obesidade, um problema de saúde pública, que exige acompanhamento multiprofissional.

* Marcella Garcez é médica nutróloga, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e docente do Curso Nacional de Nutrologia da Abran. 

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