Para combater candidíase, curar gripe ou baixar pressão: o alho é um dos ingredientes preferidos para receitas caseiras que prometem uma variedade de benefícios à saúde.
Na medicina popular, o alho chegou a ser utilizado durante diferentes epidemias, porque acreditava-se que ele poderia aliviar sintomas de tifo, disenteria e outras doenças.
Porém, nem todos os remédios caseiros feitos com alho encontram respaldo em estudos científicos. Saiba mais sobre o que é verdade e o que não passa de mito quando se trata desse vegetal.
O alho contém compostos medicinais?
O bulbo da planta Allium sativum – que conhecemos como cabeça do alho, composto por dentes – tem, em sua composição, vários bioativos. Eles inspiram diferentes pesquisas que avaliam suas propriedades medicinais.
As investigações sobre o potencial anticancerígeno, antimicrobiano e anti-inflamatório do alho se baseiam na presença de compostos sulfúricos no bulbo. Um dos mais importantes é a alicina: a substância responsável pelo cheiro característico do alho é quem confere ao vegetal a ação antimicrobiana, anticancerígena e preventiva de outras doenças.
O alho também é rico em vitaminas – dos complexos B e C –; minerais como zinco, potássio e fósforo; e compostos fenólicos. Propriedades antioxidantes são associadas a esses compostos.
Entretanto, vários desses compostos apresentam baixa biodisponibilidade: isso significa que, ao consumir o alho in natura, pouco dessas substâncias será absorvida pelo corpo. Por esse motivo, vários dos estudos utilizam extratos de alho ou preparos concentrados dos compostos.
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Dá para usar alho para tratar candidíase?
Não! A dica de usar o alho como supositório para tratar infecções fúngicas virou tendência na internet, mas é contraindicada por médicos. A prática pode piorar a candidíase e causar irritação.
Isso porque o potencial antifúngico do alho é pesquisado a partir de extratos para consumo do vegetal. Ou seja, ele não serve para ser aplicado pela via tópica.
Alguns estudos já avaliaram a ingestão de extratos de alho para tratar candidíase, mas os resultados não foram promissores. Em laboratório e em testes com animais, se verificou que alguns dos compostos sulfúricos do alho possuem forte atuação contra bactérias, o que pode levar a produção de novas medicações no futuro.
Alho cura gripe?
Não! Primeiro, é importante diferenciar gripe de resfriado: embora os sintomas sejam similares, a gripe é causada por um vírus Influenza, e dura cerca de uma semana. Já o resfriado é mais leve e pode ser provocado por diferentes vírus respiratórios.
De todo modo, o alho não é capaz de curar nem uma das doenças, já que não vai eliminar o vírus Influenza tampouco outros vírus respiratórios. O que um estudo identificou é o potencial da alicina para prevenir o resfriado.
Em um estudo com 146 participantes, o grupo que ingeriu uma cápsula com alicina registrou menos ocorrências de resfriado em comparação com o grupo que tomou placebo. Mas vale ter bastante cautela, já que a quantidade de participantes da pesquisa foi muito baixa.
Alho serve para prevenir o câncer?
Talvez! Por enquanto, os resultados das análises científicas do papel anticancerígeno do alho são conflitantes.
Um estudo com pouco mais de 5 mil participantes testou receitar um suplemento com compostos do alho e selênio para pacientes com câncer gástrico. O resultado foi que a intervenção ajudou a reduzir a malignidade do tumor.
Entretanto, em outra pesquisa, o uso de óleo de alho não interferiu na prevenção de lesões pré-cancerosas tampouco na incidência de câncer gástrico. Outras avaliações, incluindo quantidades menores de pacientes, encontraram alguns benefícios preventivos no uso de alho.
De forma geral, ainda não dá para bater o martelo sobre o alho como ingrediente preventivo do câncer – mas aumentar o consumo de alho não faz mal, desde que isso não seja acompanhado por falsas promessas ou receitas milagrosas.
O alho traz benefícios à saúde cardiovascular?
Outra promessa do alho é ajudar pacientes a diminuir a pressão arterial. Um estudo de 2008 chegou à conclusão de que o consumo de alho realmente ajudava nesse quesito.
Ao avaliar 11 pesquisas científicas que tiveram como foco o consumo de alho, uma análise sugeriu que os preparos com o tempero ajudam a reduzir a pressão arterial em indivíduos com hipertensão, em comparação com os grupos que ingeriram placebo.
A hipótese dos cientistas é que esse efeito esteja ligado à alicina, que atua como vasodilatadora, e à produção de sulfeto de hidrogênio – que também ajudaria a controlar a pressão.
Mas as evidências científicas ainda são insuficientes para afirmar que o alho tenha um papel na diminuição do risco de mortalidade associado a problemas cardiovasculares em pacientes hipertensos.
Alguns resultados, no entanto, indicam um caminho promissor: o uso de suplementos com compostos do alho ajudou a prevenir a progressão da aterosclerose e diminuiu biomarcadores associados a risco de ocorrências cardiovasculares.
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