Saúde na veia Blog Prêmio de inovação médica: avanços que merec…

Prêmio de inovação médica: avanços que merec…

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Construir conhecimento, criar soluções tecnológicas, capacitar profissionais e pacientes, suprir acesso, salvar vidas… Todas essas missões, indispensáveis ao progresso da medicina e a uma melhor assistência à sociedade, foram abraçadas pelos trabalhos vencedores do Prêmio VEJA SAÚDE & Oncoclínicas de Inovação Médica.

A iniciativa organizada pelo grupo que é referência em oncologia no Brasil e pela principal revista do segmento joga luz, mais uma vez, em profissionais e instituições que estão contribuindo diretamente para fazer descobertas e desenvolver estratégias capazes de impactar, hoje ou amanhã, o bem-estar de milhões de pessoas — dentro e fora do país.

Reconhecer esse empenho, seja em um laboratório de pesquisa, seja no hospital ou numa central de consultas remotas, é valorizar quem quebra a cabeça e bota a mão na massa diante de inúmeros desafios do ecossistema de saúde.

Para escolher, entre centenas de projetos submetidos de todas as regiões do Brasil, quais seriam os vencedores, convocamos um júri técnico, com alguns dos maiores nomes do setor.

Os 40 jurados, divididos pelas oito categorias da premiação, avaliaram os trabalhos segundo critérios como relevância e resultado, abrangência e aplicabilidade, capacidade disruptiva e emprego de tecnologias. A média das notas resultou nos campeões, anunciados em cerimônia realizada em Brasília.

Na edição de 2024, o prêmio foi encorpado, ganhando duas categorias, que destacam a importância da digitalização e de recursos que permitem a prática de uma medicina mais sustentável e acessível.

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Na primeira delas, Telemedicina e Plataformas Digitais, foram contempladas iniciativas voltadas a aprimorar a assistência remota e integrada. O trabalho vencedor, desenvolvido pelo Instituto do Câncer Infantil, no Rio Grande do Sul, foi a rede TeleOncoped, que se vale de ferramentas de telessaúde para agilizar e aperfeiçoar o atendimento de crianças e adolescentes com suspeita de um tumor.

Na outra categoria estreante, Inteligência Artificial na Transformação da Saúde, a oncologia também foi a área a erguer o troféu. O trabalho com a maior nota foi uma plataforma baseada em algoritmos que torna mais célere e preciso o diagnóstico de subtipos de câncer de mama — obra do Laboratório de Bioinformática do A.C.Camargo Cancer Center.

Na categoria Medicina Social, a premiação foi concedida a um programa de formação de professores de educação infantil das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste visando amplificar o diagnóstico precoce e o acolhimento adequado de crianças com autismo. Uma iniciativa do Instituto Jô Clemente que já rendeu frutos no Sudeste e agora é replicada, com sucesso, em outras regiões.

No pilar Engajamento e Empoderamento do Paciente, dedicado a projetos que visam estimular brasileiros e brasileiras a ter um papel mais ativo em sua própria saúde, o título ficou com um aplicativo de celular com instruções para o controle da incontinência urinária após a cirurgia da próstata, desenvolvido pelas universidades federais de Minas Gerais e Goiás. Solução na palma da mão!

Em Medicina de Precisão e Genômica, por sua vez, a láurea foi para a pesquisa de uma brasileira que, por meio de uma parceria entre instituições nacionais e americanas, conseguiu desvendar um dos principais mecanismos que permitem ao vírus da Covid-19 escapar das células de defesa do organismo, o que abre caminho a novas estratégias terapêuticas.

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A doença por trás da pandemia também foi o foco de outro trabalho vencedor, este em Prevenção e Promoção à Saúde. Um time do Instituto do Coração (InCor) e do Hospital das Clínicas de São Paulo criou um modelo preditivo e preventivo de sequelas da infecção, desenhado para antecipar a possibilidade de manifestações persistentes e potencialmente incapacitantes do quadro em pacientes internados.

Patógenos também estiveram na mira do estudo que ganhou a medalha de ouro na categoria Tecnologias Diagnósticas. Realizada na USP de Ribeirão Preto, a investigação de novos biomarcadores no sangue poderá render um exame mais rápido e eficiente para a hanseníase, ainda um problema de saúde pública no país.

Por fim, em Terapias e Tratamentos Inovadores, o diploma coube a cientistas do Instituto de Física de São Carlos da USP, que tiveram a sacada de planejar uma abordagem baseada em nanotecnologia para atacar, pelo nariz, um dos tumores cerebrais mais agressivos. Engenhosidade, esforço, amor à causa: celebre os premiados de 2024.

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Um programa de assistência remota a crianças com câncer

Com características diferentes dos tumores diagnosticados em adultos, o câncer infantil representa a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes brasileiros, ainda que, em números absolutos, o problema não seja comum.

Hoje, as taxas de cura podem superar 80% se o paciente for atendido no tempo certo. E aí mora um dos principais gargalos no enfrentamento dessas patologias no Brasil. O caminho até o diagnóstico pode ser longo e tortuoso, sobretudo na rede pública.

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“Uma criança com dor na perna, por exemplo, pode chegar ao pronto-socorro, ser encaminhada para a fila de consulta com o ortopedista, o que já pode demorar meses, e só depois ser direcionada à atenção especializada para, enfim, receber o diagnóstico correto”, expõe o pediatra Algemir Brunetto, superintendente do Instituto do Câncer Infantil (ICI), de Porto Alegre.

A instituição, referência no estado, bolou uma solução para isso, a rede TeleOncoped. Trata-se de uma plataforma de telemedicina que ajuda a identificar casos suspeitos de câncer na linha de frente do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). O médico que está no posto ou no pronto-atendimento em cidades distantes do ICI pode se conectar diretamente com um especialista de lá.

E, se for o caso, a família já é orientada a fazer os exames e procurar centros de referência para assistir a criança. O projeto deu tão certo que está sendo apresentado a outras regiões: lá na outra ponta, o Rio Grande do Norte se interessou em adotá-lo. “Ele é totalmente reproduzível. Temos a esperança de que se instale em escala nacional”, diz Brunetto.

TeleOncoped: fortalecendo a rede assistencial de oncologia infantojuvenil do Rio Grande do Sul

Autores: Algemir Lunardi Brunetto, Virgínia Tafas da Nóbrega, Amanda da Fontoura San Martin e Valéria Gerbatin Braz Foletto.

Instituição: Instituto do Câncer Infantil (ICI).

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Clique para ampliar (Ilustração: Rodrigo Damatti/Veja Saúde)

A plataforma inteligente que detecta e perfila o câncer de mama

A capacidade de identificar com precisão o tipo de tumor é fundamental para a personalização do tratamento, aumentando inclusive o potencial de resposta e remissão da doença. A realização de testes moleculares para esse fim, porém, exige equipamentos e profissionais especializados, nem sempre acessíveis em centros médicos pelo país afora.

E se tivéssemos um sistema confiável e automático capaz de apontar se o câncer de mama tem um perfil específico que vai interferir na eleição terapêutica? Aí reside o potencial de um trabalho do A.C.Camargo Cancer Center.

Os cientistas empregaram a inteligência artificial (IA) para desenvolver uma plataforma apta a captar os biomarcadores HER2, que indicam um câncer de mama com tendência a se proliferar rapidamente.

“A princípio essa avaliação é feita de forma manual pelo patologista, que analisa a lâmina da biópsia no microscópio, atribuindo pontuação de 0 a 3+”, diz Israel Tojal, líder do Laboratório de Bioinformática da instituição. “Os resultados 2+ são considerados duvidosos e passam por teste imuno-histoquímico para confirmar se são positivos ou negativos”, detalha.

A diferenciação é importante porque, de acordo com a expressão da HER2, os casos são candidatos ou não a medicamentos específicos que têm como alvo a proteína — e, desde 2022, a classe HER2-Low, que inclui subtipos anteriormente considerados negativos, também se beneficia desses fármacos.

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“Usar a IA para predizer o status diretamente da lâmina melhora a eficiência do fluxo na rotina clínica e amplia o número de pacientes com acesso ao tratamento adequado”, afirma Tojal.

Desenvolvimento e validação de uma plataforma de inteligência artificial para detecção de HER2 em câncer de mama

Autores: Renan Valieris, Luan Martins, Alexandre Defelicibus, Adriana P. Bueno, Cynthia Osório, Dirce M. Carraro, Emmanuel Dias-Neto, Rafael Rosales, José Márcio B. de Figueiredo e Israel Tojal da Silva.

Instituição: A.C.Camargo Cancer Center.

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Clique para ampliar (Ilustração: Rodrigo Damatti/Veja Saúde)

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O projeto que capacita professores a identificar sinais do autismo

Ciente da importância das escolas na promoção do desenvolvimento neuropsicomotor, o Instituto Jô Clemente (IJC) deu um passo além e investiu na criação de um programa focado em aperfeiçoar o diagnóstico precoce do autismo e da deficiência intelectual na primeira infância.

A formação de pedagogos do ensino público é um pilar da instituição desde 2016, quando a entidade lançou um projeto em parceria com as secretarias municipais de Educação e Saúde de São Paulo.

Em 2024, com o Programa Sinais de Atenção na Primeira Infância, o IJC direcionou os esforços para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, fornecendo capacitação e ferramentas para identificar eventuais atrasos ou prejuízos ao neurodesenvolvimento.

“Diante do volume crescente de pessoas diagnosticadas com transtorno do espectro autista, é pertinente prover aos profissionais que atuam nas creches e escolas o conhecimento sobre o tema”, ressalta Edward Yang, gerente do Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação do IJC. “Durante as atividades com as crianças, eles devem estar preparados para notar sinais que indiquem a necessidade de uma atenção multiprofissional e para saber como agir nesses casos”, prossegue.

+Leia também: Autismo: “Vejo mais diagnósticos equivocados do que nunca”

A iniciativa tem potencial para impactar mais de 14 mil professores por meio de ensino a distância. Com a replicação do conhecimento, a comunidade, os familiares e responsáveis por crianças de até 3 anos também passam a receber orientação, possibilitando que os pequenos sejam encaminhados o mais cedo possível aos serviços de saúde para obterem diagnóstico e tratamento apropriados.

Programa Sinais de Atenção na Primeira Infância

Autores: Edward Yang, Kelly Cristina de Carvalho Freitas e Samanta Mazaroto Volpe.

Instituição: Instituto Jô Clemente (IJC).

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Clique para ampliar (Ilustração: Rodrigo Damatti/Veja Saúde)

Aplicativo melhora o controle da incontinência após cirurgia na próstata

Os escapes de urina costumam abalar a autoestima e a qualidade de vida dos homens que passam pela retirada da glândula quando ela é acometida por um câncer.

Pensando em uma forma de aliviar essa situação e empoderar os pacientes, um time da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) formulou um aplicativo de celular que, por meio de recursos interativos e gamificação, ajuda na recuperação dos casos leves e moderados de incontinência urinária.

+Leia também: Incontinência urinária não é um mero detalhe do câncer de próstata

“Embora estejam previstos em lei, programas de reabilitação nem sempre estão disponíveis nos serviços de saúde”, observa a enfermeira Luciana da Mata, uma das idealizadoras da ferramenta. “Somos uma startup dentro da universidade tentando suprir essa lacuna com saúde digital”, resume.

Batizado de IUProst, o software apresenta um protocolo de exercícios de treinamento do assoalho pélvico, além de vídeos tutoriais e compartilhamento de relatos de pessoas em situação similar. “A última versão, validada por especialistas, é de uso fácil e intuitivo. Os pacientes que já aderiram relatam redução das perdas e confiança para voltar com as atividades, inclusive as esportivas”, destaca Luciana.

Os próximos passos preveem a disponibilização do aplicativo para iOS — por ora ele funciona no sistema Android.

IUProst 2.0 – Aplicativo mHealth para controle da incontinência urinária decorrente do tratamento cirúrgico para o câncer de próstata

Autores: Adriana F. Machado, Anna Júlia G. Batista, Cissa Azevedo, Fabrícia E. Baia Estevam, Filipe M. de Souza dos Anjos, Heloisa Helena de A.S. Pinheiro de Britto, Hugo Miranda de Oliveira, Larissa A. Caputo Figueiredo, Lívia Cristina de R. Izidoro, Luciana Regina F. da Mata, Marília Alves Hoffmann, Matheus Brito Martin, Noeli A. Pimentel Vaz e Sérgio Teixeira de Carvalho.

Instituições: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de Goiás (UFG).

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Clique para ampliar (Ilustração: Rodrigo Damatti/Veja Saúde)

A descoberta do mecanismo de escape do coronavírus

Após perder o pai para a covid-19 em meio à pandemia, a cientista Marcella Cardoso mudou sua linha de pesquisa para desvendar como o SARS-CoV-2 engana nossas células de defesa para se multiplicar e se expandir sem freios.

Encabeçando uma parceria entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e instituições americanas como a Escola Médica de Harvard, onde deu continuidade ao seu pós-doutorado, a bióloga moveu mundos e fundos no laboratório até chegar à resposta. E, de fato, ela e sua equipe descobriram um dos principais mecanismos pelos quais o coronavírus escapa do sistema imunológico.

“Identificamos uma proteína do patógeno que lhe possibilita evadir-se das células natural killers (NK), as assassinas naturais, que estão na linha de frente da nossa imunidade”, revela Marcella.

O achado veio à tona após análises genômicas e de proteínas virais, bem como da avaliação de amostras celulares de pessoas com covid-19 que haviam sido hospitalizadas no Brasil. “Conseguimos estabelecer uma associação entre a resposta imunológica e os desfechos entre aqueles pacientes que adoeceram”, conta a cientista.

Suas conclusões não só reforçam o papel da vacinação — ora, estamos diante de um vírus que ludibria o sistema imune — como abrem caminho a estudos com novos antivirais. “E isso é importante se pensarmos que provavelmente enfrentaremos novas pandemias”, diz.

Mecanismo de evasão da imunidade citotóxica mediada por NKG2D por coronavírus

Autores: Marcella Regina Cardoso, Jordan A. Hartmann, Maria Cecilia Ramiro Talarico, Devin J. Kenney, Madison R. Leone, Dagny C. Reese, Jacquelyn Turcinovic, Aoife K. O’Connell, Hans P. Gertje, Caitlin Marino, Pedro E. Ojeda, Erich V. De Paula, Fernanda A. Orsi, Licio Augusto Velloso, Thomas R. Cafiero, John H. Connor, Alexander Ploss, Angelique Hoelzemer, Mary Carrington, Amy K. Barczak, Nicholas A. Crossland, Florian Douam, Julie Boucau e Wilfredo F. Garcia-Beltran.

Instituições: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Harvard Medical School (EUA).

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Clique para ampliar (Ilustração: Rodrigo Damatti/Veja Saúde)

O mapa para prevenir sequelas da covid-19

No auge da pandemia, a unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) tratou centenas de pacientes, foi referência para outros centros brasileiros e se tornou um polo de conhecimento científico.

O trabalho na linha de frente, aliado ao desenvolvimento tecnológico, permitiu que um time da instituição elaborasse um software para detectar e prevenir a evolução de lesões pulmonares com potencial de deixar sequelas nas pessoas recuperadas da infecção.

“Queríamos saber quem era o paciente que precisaria de exames mais caros e pouco acessíveis, como a tomografia computadorizada”, comenta o pneumologista Carlos Carvalho, do Instituto do Coração (InCor) da USP, coordenador do projeto.

Para isso, os pesquisadores recorreram a programas de machine learning (aprendizado de máquina) para analisar dados de mais de 700 pacientes que passaram pela UTI, inclusive meses depois da alta. O programa de computador analisa quatro indicadores, obtidos em testes simples, baratos e rápidos.

Combinados, eles dão uma nota de comprometimento pulmonar, e é essa pontuação que indica a necessidade da tomografia. A tecnologia foi ensinada a médicos de unidades básicas de saúde (UBS) para avaliar quais indivíduos estariam em risco de ter complicações pós-Covid.

Além de criar o software, a equipe do InCor também mostrou que os problemas duradouros no pulmão são frequentes e exigem atenção médica.

Sequelas pulmonares em sobreviventes da covid-19: modelo clínico preditivo

Autores: Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho, Celina de Almeida Lamas, Luis Augusto Visani de Luna, Rodrigo Caruso Chate, João Marcos Salge, Marcio Valente Yamada Sawamura, Carlos Toufen, Michelle Louvaes Garcia, Paula Gobi Scudeller, Cesar Higa Nomura, Marco Antonio Gutierrez, Bruno Guedes Baldi, Larissa Santos Oliveira Gois e Laura Sampaio de Moura Azevedo.

Instituição: Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP).

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À caça da hanseníase com um exame de sangue

A doença infecciosa, que persegue o ser humano desde a Antiguidade, ainda hoje é um problema de saúde pública para alguns países, incluindo o Brasil. Identificá-la o mais cedo possível é a chave para interromper a cadeia de transmissão e prevenir as lesões e sequelas.

Hoje, esse processo é eminentemente clínico, quando já existem alterações na sensibilidade e na estrutura da pele. E a confirmação muitas vezes depende da baciloscopia, método que permite enxergar o patógeno no microscópio, ou da biópsia, uma técnica mais invasiva. Ocorre que nem sempre elas estão disponíveis nos postos do SUS.

Esses obstáculos motivaram uma equipe da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) a pesquisar biomarcadores presentes no sangue para descobrir mais rápido a hanseníase — antes mesmo de aparecerem os primeiros sinais.

“Os testes atuais apontam positivo em cerca de 20 a 30% dos casos, quando a doença já está mais avançada, com risco de causar incapacidades físicas e deformidades”, explica o biomédico Filipe Rocha Lima, à frente do projeto.

Para criar um novo exame, os pesquisadores avaliaram o potencial de anticorpos contra uma proteína específica da bactéria Mycobacterium leprae. Os resultados promissores já encorajam a preparação de um kit de baixo custo e fácil execução a ser empregado em unidades básicas de saúde (UBS) de todo o país.

Esse é um passo significativo para a redução no número de contágios, infecções e reincidências da moléstia, que ainda é cercada de estigma e desinformação.

Anticorpos anti-Mce1A como biomarcadores sorológicos na hanseníase: diagnóstico, avaliação de contatos e seguimento

Autores: Filipe Rocha Lima e Marco Andrey Cipriani Frade.

Instituição: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP).

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+Leia também: Casos de hanseníase aumentam, e ainda são subnotificados

Nanotecnologia para administrar medicamentos pelo nariz

Apesar dos avanços terapêuticos, o prognóstico do glioblastoma, um tipo de câncer cerebral, ainda é um tanto limitado. Fora que a aplicação da quimioterapia padrão, em geral via oral, exige altas doses, levando a efeitos colaterais como náusea, fadiga e constipação.

Para driblar esse enrosco, cientistas do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) buscaram um novo caminho para o tratamento.

Eles desenvolveram nanopartículas associadas a membranas biológicas contendo o quimioterápico, permitindo, assim, que ele fosse aplicado pelo nariz. “Nanoestruturas facilitam o transporte direto para o sistema nervoso central e melhoram a captação pela mucosa olfativa”, explica a farmacêutica Natália Naddeo, coautora do experimento.

Não só! A pesquisadora conta que eles utilizaram a capacidade de comunicação das células a favor da estratégia. “Isolamos membranas de células tumorais para recobrir as nanopartículas contendo o fármaco. Com isso, o tratamento tende a ser direcionado justamente para o local do tumor.”

A plataforma, inédita, poderá reduzir os impactos indesejados da terapia e projetar-se como uma nova via, não invasiva e de fácil acesso, para atacar tumores cerebrais. Na visão dos especialistas, a invenção não só representa um passo significativo na luta contra o câncer como abre portas para futuras pesquisas na aplicação da nanotecnologia na medicina.

Sistemas nanoestruturados bioinspirados e biomiméticos para administração via nasal: uma nova perspectiva para a terapia de glioblastoma

Autores: Natália Noronha Ferreira Naddeo e Valtencir Zucolotto.

Instituição: Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP).

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