A cada ano, são registrados no Brasil, em média, 400 casos de retinoblastoma, câncer ocular que atinge crianças de 0 a 5 anos. A doença é rara, representa aproximadamente 4% dos tumores infantis.
A identificação em estágio inicial favorece as chances de cura e evita a perda de visão. Nesse contexto, é fundamental a realização do teste do olhinho, que deve ser feito pelo pediatra logo ao nascer ou na primeira consulta de acompanhamento.
O que é retinoblastoma
A doença tem origem em células da retina, a fina camada de tecido ocular associada à formação das imagens que observamos. O tumor pode afetar apenas um olho ou os dois, nesse caso trata-se de retinoblastoma bilateral.
A causa é relacionada a fatores genéticos, como explica a especialista em oftalmologia e genética Juliana Sallum, da Dasa Genômica.
“Em alguns casos, as mutações acontecem na retina. Em outros, uma das mutações podem ser herdadas no DNA. O gene RB1 é um gene que suprime o surgimento de tumores. Quando ele está mutado, libera a divisão celular desenfreada, o que causa o aparecimento do tumor”, resume Juliana.
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Quais são os sintomas de retinoblastoma?
O sinal mais comum da doença é o “olho do gato”, um reflexo ocular branco chamado tecnicamente de leucocoria (veja imagem abaixo). O sintoma pode ser observado sob luz artificial, com a dilatação da pupila, especialmente em fotos com uso de flash.
Outras manifestações da doença são estrabismo, excesso de sensibilidade à luz, dor nos olhos e deformação do globo ocular.
Ainda são comuns problemas como inflamação, conjuntivite e redução do campo visual, com prejuízos na visão periférica, o que faz com que a criança precise virar a cabeça ou mover os olhos para enxergar pessoas ou objetos.
Como identificar o retinoblastoma
Diante dos indícios suspeitos, a criança deve passar por avaliação completa realizada por um médico oftalmologista.
O exame de fundo de olho sob anestesia permite o exame minucioso dos olhinhos.
Outro procedimento que ajuda no diagnóstico é a ressonância nuclear magnética de crânio e órbita, que avalia se há comprometimento para além do olho e impactos para o nervo óptico da criança.
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Retinoblastoma tem cura?
O tratamento do retinoblastoma é complexo e envolve diversas especialidades. O planejamento terapêutico considera fatores como idade, se o tumor é unilateral ou bilateral, a extensão e localização da doença.
Na maioria dos casos, o retinoblastoma tem cura. Nesse contexto, o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de sucesso do tratamento.
“Quando diagnosticado precocemente, e tratado em centros de referência, a chance de cura é de 90%, mas a grande preocupação é quando demoramos muito para detectar e esse tumor sai do olho, surgindo as metástases, que colocam em risco a vida desta criança”, frisa a oncologista pediátrica Carla Macedo, do Hospital do GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer).
Podem ser utilizados recursos como quimioterapia, radioterapia e tratamento oftalmológico a laser, aliados a outras metodologias, como a braquiterapia, que utiliza fontes de radiação interna contra o tumor, e a crioterapia, que destrói as células do retinoblastoma por congelamento.
“Nos casos avançados pode ser necessário a retirada do olho para preservar a vida da criança”, afirma Juliana.
Conscientização
Em 18 de setembro, é celebrado o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma. A iniciativa alerta para a importância dos testes oftalmológicos para a detecção precoce do agravo. No Brasil, duas campanhas dão ampla visibilidade ao problema de saúde.
Uma delas é a “De Olho nos Olhinhos” encabeçada pelos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, pais de Lua, diagnosticada com o tumor aos 11 meses. Ela se transformou em uma organização não governamental que auxilia famílias e conscientiza sobre o problema.
“Queremos que as famílias consigam chegar ao diagnóstico antes do que nós conseguimos, e por isso é fundamental fazer a informação chegar a cada vez mais pessoas. Como é uma doença traiçoeira, também auxiliamos casos suspeitos a confirmar o diagnóstico e encontrar um centro de referência com rapidez”, afirma Leifert.
Em 2024, o projeto alcança todos os estados do Brasil e ganha um novo integrante, o mascote Flash, um gato que simula um dos sintomas visíveis da doença. Confira a lista completa de cidades e locais.
Os reforços também vêm da TUCCA, associação para o tratamento de crianças e adolescentes com câncer, de famílias de baixa renda, que atua em parceria com o Santa Marcelina Saúde, na Zona Leste de São Paulo.
A ação será lançada no dia 19 deste mês, às 19h30, com o apagar das luzes do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, em alusão à cegueira, uma das complicações do retinoblastoma. O monumento também irá vestir a camisa da associação que traz como mote “Olhinho diferente, pediatra urgente”. No mesmo horário, a Sala São Paulo, na capital paulista, também ficará às escuras.
Neste ano, as duas iniciativas se unem, ampliando o alcance da informação sobre o câncer ocular infantil.
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