Estamos à beira de uma revolução digital que promete transformar o atendimento à saúde e exige mais do que boas intenções. É preciso coragem, visão, e, acima de tudo, uma nova mentalidade dos gestores de saúde, que devem enxergar a tecnologia não como um custo, mas como o investimento essencial para a sustentabilidade e a eficiência do sistema.
Dessa forma, o MV Experience Forum (MEF), realizado em São Paulo (SP) nos dias 4 e 5 de setembro, tornou-se um ponto de inflexão crucial para o futuro da tecnologia na saúde no Brasil.
Organizado pela MV, líder em desenvolvimento de software de gestão para a saúde, e já em sua 10ª edição, o MEF foi muito mais do que um encontro para discutir inovação: foi um chamado à ação, uma convocação para todos os líderes do setor repensarem suas estratégias.
Nos dois dias, painéis e palestras exploraram desde a aplicação da inteligência artificial até a importância da interoperabilidade entre sistemas, deixando claro que estamos diante de uma oportunidade única de transformar radicalmente a forma como os cuidados de saúde são prestados no país.
Um dos pontos altos foi a discussão sobre a trajetória digital nos hospitais brasileiros. Embora o país tenha dado passos importantes, como a criação da primeira UPA sem papel há 14 anos e o primeiro hospital digital da América Latina há oito anos — ambos em Recife (PE) e em parceria com a MV —, ainda estamos muito atrás de onde poderíamos estar.
A digitalização completa dos hospitais, tanto públicos quanto privados, é imperativa, mas os avanços têm sido lentos e fragmentados.
A principal barreira é a percepção obsoleta de que tecnologia é custo, e não investimento. Essa visão míope tem retardado a adoção de soluções digitais que poderiam não só otimizar os recursos, mas também humanizar o atendimento, colocando o paciente no centro da equação.
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Enquanto outros setores, como o financeiro, avançaram ao construir ecossistemas robustos e integrados, a saúde ainda se prende a processos antiquados, como o uso de prontuários de papel e a falta de interoperabilidade entre sistemas.
Desde a coleta e integração de dados em tempo real até o uso amplo da inteligência artificial, a tecnologia já está pronta para ser implementada. No entanto, a resistência dos gestores e a falta de políticas públicas eficazes estão emperrando o progresso.
É inadmissível que, em pleno século 21, ainda tenhamos que lidar com processos manuais que não só aumentam os custos como também colocam vidas em risco.
Os debates sobre inteligência artificial foram especialmente inspiradores, no que diz respeito ao seu potencial para revolucionar a tomada de decisões clínicas. A IA não deve ser vista apenas como uma ferramenta adicional, mas como um elemento central na estratégia de saúde do futuro.
Durante o evento, foram apresentados casos de sucesso que demonstram como a IA pode empoderar médicos e melhorar significativamente os resultados para os pacientes.
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Outro tema muito presente no MEF foi a cibersegurança, uma área que não pode mais ser ignorada. O evento destacou como a proteção dos dados de saúde é fundamental não apenas para garantir a privacidade dos pacientes, mas também para assegurar a integridade e a eficiência dos sistemas.
Sem uma abordagem robusta de cibersegurança, todo o potencial da transformação digital pode ser comprometido.
A visão para o futuro da saúde no Brasil deve ser clara: a criação de um ecossistema digital, interoperável e transparente, capaz de integrar todos os elos da cadeia de atendimento, desde o hospital até a casa do paciente. Essa transformação não é apenas uma tendência, é uma necessidade.
O Brasil tem a oportunidade de liderar essa revolução, mas isso depende das decisões que tomarmos agora. Se queremos um sistema mais eficiente e humanizado, precisamos agir hoje para construir a base tecnológica que sustentará a saúde de amanhã.
*Paulo Magnus é CEO da MV, empresa especialista em softwares para gestão de saúde
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