Criatividade é a palavrinha mágica quando o assunto é suplementação. Um dos mais populares aliados de adeptos ao estilo fitness, o whey protein ganhou recentemente uma nova versão à base de maconha.
Antes de mais nada, é importante destacar: a formulação tem como matéria-prima o pó do cânhamo. A semente da cannabis apresenta níveis quase imperceptíveis de tetra-hidrocanabinol (THC), a substância psicoativa da planta.
Ou seja, ninguém vai ficar alterado antes do treino!
“O ingrediente reúne proteínas de alta qualidade, ômegas 3 e 6, fibras, vitaminas e minerais. Porém, a proteína de cânhamo também contém fatores anti-nutricionais, como o ácido fítico, glicosinolato e alguns inibidores de proteases, ou seja, nem todos os nutricionais são completamente absorvidos”, conta o nutricionista Gustavo Duarte Pimentel, colaborador da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva (ABNE).
+ Leia também: A creatina realmente aumenta performance e massa muscular?
No entanto, o nutricionista pondera que as evidências científicas sobre os benefícios do cânhamo nesse contexto ainda são escassas. Enquanto dois estudos publicados no periódico Plants confirmam seu valor nutricional, outras pesquisas, divulgadas no Journal of Food Biochemistry e na revista Endocrine, apontam poucas vantagens na prática.
Tampouco há análises comparativas com o whey tradicional. “Um não compete com o outro. O whey tradicional é mais completo em aminoácidos essenciais, principalmente a leucina. Além disso, é praticamente isento de fatores anti-nutricionais e a digestão tende a ser melhor, pois na versão tradicional quase não há fibras”, acrescenta Pimentel.
O especialista da ABNE alerta para o cuidado com as promessas dos chamados “superalimentos”.
“É crucial buscar informações respaldadas por estudos científicos e evitar confiar em alegações de saúde não comprovadas”, frisa Pimentel. “Mesmo alimentos saudáveis podem ser prejudiciais em excesso. Por exemplo, consumir grandes quantidades de certos superalimentos pode levar a desequilíbrios nutricionais ou efeitos adversos”, acrescenta.
Vale destacar que, por enquanto, a comercialização de alimentos ou suplementos à base de cânhamo não é autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no país.
+ Leia também: Fobia de academia: como superar a resistência e não deixar de malhar
Cuidados
Nem todo mundo precisa de suplementos alimentares. Um profissional de saúde pode avaliar necessidades específicas com base em exames de sangue, hábitos alimentares e condições de saúde, evitando o uso desnecessário e potencialmente prejudicial.
“Antes de iniciar o uso de qualquer suplemento, é essencial fazer um acompanhamento médico para garantir a segurança, a eficácia e a adequação às suas necessidades individuais”, faz questão de frisar o médico nutrólogo Fabiano Robert, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
“Um profissional de saúde pode prevenir interações medicamentosas perigosas, identificar condições de saúde subjacentes, recomendar a dosagem correta, garantir a qualidade dos suplementos e fornecer monitoramento contínuo”, acrescenta Robert.
Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsApp
Compartilhe essa matéria via: